- Área: 78 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Toshiyuki Yano
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto está localizado em um bairro residencial construído há 30 anos durante um período de grande crescimento do país. O atual loteamento transformou a antiga paisagem rural da zona em um enorme loteamento residencial, progressivamente subdividido em pequenos lotes com casas isoladas. Além disso, a estratégia de marketing utilizada pelas construtoras durante os anos 80 e 90 estava baseada no conceito de “casa própria", como resposta à crescente demanda habitacional resultante do desenvolvimento econômico da época.
O padrão de ocupação dos terrenos com a casa isolada no lote difundiu-se rapidamente entre aqueles que construíam as suas casas configurando a identidade do bairro. Os moradores começaram então a defender e proteger esta tipologia como regra para todas as novas edificações, transformando-a em uma lei de uso e ocupação da zona, a qual foi submetida às autoridades em 2015 pela “associação de moradores".
Procuramos desenvolver um projeto de residência que fosse capaz de criar novo um significado arquitetônico a partir dessas regras, como uma maneira de proporcionar diferentes interpretações a respeito do tema e que pudesse ainda, promover um novo debate sobre a arquitetura do bairro. Cada uma das regras e leis foram questionadas das seguintes maneiras:
O símbolo da "casa própria" é uma casa de duas águas
É difícil encontrar um outro motivo convincente para que a "casinha" de suas águas seja a única tipologia permitida em todo o bairro. Decidimos ser razoáveis, mantendo a forma básica: é uma estratégia que permite uma maior iluminação natural do terreno adjacente, e de forma a tirar proveito disso, utilizamos a forma da casa para unificar o espaço interior da casa através de um átrio central.
Afastamentos e recuos
Observamos um problema de escala nas construções existentes, tanto em altura quanto em projeção. A maioria das casas são muito grandes, existem uma série de cômodos subutilizados resultando em uma péssima relação entre o interior e o exterior. Como resposta à isso, decidimos manter a taxa de ocupação apenas no térreo, com o 1º pavimento menor.
Com isso criamos um amplo terraço ao redor da casa. Em seguida, deslocamos todo o primeiro pavimento de forma a criar um grande terraço no lado sul.
Paredes de contenção
Devido à inclinação do terreno, o loteamento foi executado com uma série de diferentes níveis e muros de arrimo. A altura de cada lote segue uma regra de 1/3 a 1/2 relativa aos lotes vizinhos. Como não era permitido mexer nos arrimos, optamos por enterrar parcialmente o térreo da casa, resolvendo o problema da altura.
Como resultado final destas estratégias de projeto, a casa recebeu uma empena cega cenográfica, um terraço que parece flutuar em torno da casa conectando o interior e o exterior e ainda um beiral que funciona como cobertura do estacionamento. Seguindo esse esquema, fomos capazes de reinterpretar o significado das regras e leis existentes proporcionando novas perspectivas para o futuro desenvolvimento da área.